Só notícia ruim?


Esta semana eu me questionei se alguém, entre os que seguem este blog, estaria se perguntando (novamente) o porquê do nome dele ser “Benditas crises”. Afinal de contas, até o momento parece que não se falou de nada realmente bom relacionado às crises: só descobrimos que somos orgulhosos, miseráveis, pecadores, e que nem nossas atitudes boas têm uma intenção realmente pura. Nesse ponto se começa a pensar se vale a pena tudo isso, ou se das crises só podemos esperar mesmo notícias ruins a respeito de nós mesmos.

Uma coisa importante é perceber que esse processo de crises espirituais é realmente isso: espiritual. É um processo de amadurecimento espiritual, de crescimento na plenitude do que se é. As coisas de que você gosta, aquilo que o atrai, o que aquece seu coração e o que o deixa indignado, tudo isso tem um motivo mais profundo. Alguns aspectos precisam de refinamento, mas outros fazem parte do seu ser original, isto é: são manifestações autênticas da pessoa que Deus planejou ao criar você. O objetivo dessas crises é conseguir, que o seu “eu autêntico”, querido por Deus, enfim se manifeste o máximo possível. Apesar da dor desse processo, você também experimenta grandes alegrias, atinge altos níveis de realização humana ao conseguir ser um pouco mais “você mesmo”.

Esse processo é para todos. Apenas alguns chegam a purificações mais profundas, heróicas. Não se preocupe a respeito de detalhes do seu processo: abrace-o! Ouse querer ser a pessoa sonhada por Deus quando criou você. Perceber que essa possibilidade existe e está ao seu alcance, é uma das melhores notícias que se pode ter.

Por quê?...


Parte do nosso sofrimento se deve ao orgulho. Não adianta me responder que não é o seu caso, porque é só analisar um pouco e constatar que o pecado original está aí em você também.

Perguntar o “por quê” de uma crise, não deixa de ser orgulho. É uma pretensão de sermos capazes de entender aquilo que não nos cabe saber, pelo menos naquele momento.

Tantas situações, às vezes até esdrúxulas e sem sentido algum, e que nos causam tanta dor, angústia, desespero, só farão sentido muito tempo depois. E boa parte delas só fará sentido realmente quando estivermos diante de Deus. Então pensaremos: “Ah, mas então era por isso!...” ou “Ah, mas era só isso!...”


Ficamos acostumados aos mocinhos do cinema, que resolvem tudo imediatamente, na pancada, explodindo tudo e arrebentando o vilão. Nossos instintos se sentem todos satisfeitos com essa noção de justiça (que acaba sendo uma vingança) e com esse modo de resolver as coisas num turbilhão de reações violentas. Mas quando algo nos acontece e nos sentimos feridos, incapazes de explodir alguma coisa para tentar aliviar nosso sofrimento, todo nosso ser questiona a Deus, com a pergunta errada: “Por quê?”

É esse o momento de fazermos as perguntas certas, que nos levam para cima, elevam nosso espírito: Como Deus vê essas situações? Qual o significado desses acontecimentos todos no plano espiritual? O que esses fatos nos ensinam? O que eu devo aprender com isso? O que Deus espera de mim com esta situação?

Enquanto não entendemos, peçamos a Deus que ao menos aceitemos aquilo que tão incompreensivelmente acontece. Esse é um ato de fé importante. Rezemos ao Senhor: ajuda-me a aceitar, ensina-me o que preciso aprender com tudo isto; faz com que eu aja e responda como desejas neste momento. Ajuda-me, Senhor, nesta provação!

Rezemos como os discípulos de Emaús: Fica comigo, Senhor, porque a noite da provação se aproxima e me envolve. E, na companhia dEle, já não perguntaremos mais nada. Viveremos tudo no amor.

Reações infantis


Antes de começar, lembro ao leitor que este blog não é sobre educação de crianças, mas comentários sobre crises espirituais. O termo infantil, neste caso,está se referindo a reações não amadurecidas. Isto explicado, começamos nossa conversa de hoje!


Reações infantis denunciam crises, e alguns momentos de crise disparam reações infantis. As duas situações são importantes. Vejamos a diferença:


Reações infantis denunciam crises

Nesta situação, nós nos vemos excessivamente irritados, por exemplo, ao não conseguirmos algo que queremos - seja algo importante ou não. Bem, como estamos falando francamente sobre crises, vou corrigir: ficamos excessivamente irritados ao não conseguirmos algo que queremos e que não é importante. Simplesmente isso: queremos algo; não conseguimos ter; ficamos emburrados, feito criancinha contrariada. O ego ferido lateja e a reação egocêntrica denuncia a situação. Não olhe a palha no olho de seu irmão, não... analise um pouquinho como foi a última vez em que o atraso de alguém fez você esperar, de olho no celular a cada minuto e meio. E me diga qual o tamanho da tromba que você armou quando o ímpio vilão de seu tempo chegou atrasado! O atraso até pode ter sido justificado, e o compromisso não era nenhuma cirurgia cerebral. Mas, para você, foi um crime de lesa-majestade, sem dúvida...

- Opa! Espere aí: esse tipo de reação indica uma crise???
Sim, gente! Uma reação desproporcional à situação sempre indica que algo não está bem. Lembram-se de que é nas pequenas coisas que a gente se revela? Hoje em dia não se liga mais para isso, a educação em família não chega até esses detalhes (mal se ensina como usar o banheiro direito), e as pessoas reagem mal a qualquer coisa que as incomoda. Isso é sinal de crise, de doença espiritual a ser curada. Mas como não se liga para isso - porque virou algo normal - a crise não é resolvida e se fica numa espiral crescente de maus comportamentos - e, em decorrência, de uma crescente infelicidade fictícia, porque nada demais acontece com a pessoa mas ela está sempre reclamando porque tudo a incomoda, nada dá certo como ela deseja. Por pouca coisa o indivíduo barbado fica  transtornado, faz um show, berra com a mãe... uma beleza! Isso acontece também com jovens senhoras, é claro. Relembro que não estou incluindo aqui transtornos e doenças psíquicas, mas prestem atenção a esses sinais de irritação e a frequência com que são emitidos. O que acontece quando você é contrariado? Avalie a situação e considere a importância do que o contraria. É para tanto?

É francamente inadmissível continuar alimentando este tipo de comportamento, como se fosse um ser especial que não pode ser contrariado, que não pode ficar sem ter as coisas, que precisa ter tudo do seu jeito.

Poderemos cair neste comportamento, sim: mas por deslize, por fraqueza, e não por aceitarmos isto como um modo de ser! É um vício abominável contra o amor! 

Renúncia e penitência são palavras-chave para controlar esta terrível doença. Atenção aos sinais.


Momentos de crise disparam reações infantis

Já esta situação está associada a traumas. Quando a pessoa se vê envolvida num fato que a faz reviver um trauma passado, ela reage na mesma idade emocional que tinha quando viveu o trauma original. Ela pode ser equilibrada em outras circunstâncias até mais complicadas, mas naquele cenário específico sua reação está cristalizada no tempo. Isso indica que o trauma não foi superado ainda; não foi resolvido. A pessoa não cresceu naquele ponto específico, relacionado ao trauma. Por isso ela revive as coisas com os sentimentos não amadurecidos, com um sofrimento desproporcional ao fato corrente. Sente-se desamparada, a tal ponto que tenta se esconder, foge! Reage de fato como uma criança. Torna-se uma criancinha num corpo de adulto.

Mas, se nesse momento a pessoa tem a graça de parar um momento e analisar que agora ela é um adulto, que a situação de hoje não é exatamente aquela do passado, embora se assemelhe muito... Se ela consegue se levantar e olhar - com os olhos de adulto - o fato atual, poderá descobrir que é capaz de passar por aquilo. E que, embora no passado tenha sofrido algo parecido, muito profundamente, ela sobreviveu; diante daquilo que se passou em sua infância, o momento presente também pode ser vencido, superado ou acolhido, compreendido, vivido. A vivência amadurecida da situação atual poderá curar o trauma do passado e resolver muitas circunstâncias decorrentes: terá mais tranquilidade para ser o que se é, ganhará mais auto-confiança, segurança para enfrentar novos desafios, e, sobretudo, renovada fé em Deus, pois enfim reconhecerá Sua presença amorosa também naquele fato de sua vida passada.

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