Você está na direção certa?


Meu post seria sobre outro assunto, mas esta foto foi tão representativa que precisei usá-la hoje.

Na nossa pressa de arrumar a bagunça que fica nossa vida numa crise, temos a capacidade de nos precipitar em muitas decisões.
Não temos consciência, mas nossa posição acaba sendo muito semelhante à desse carrinho vermelho: no sentido contrário de uma corrida. E nos achamos “o máximo”, porque - na nossa pobreza espiritual - achamos que estamos mostrando para os outros que “somos capazes” de nos sair bem, de fazer algo certo.
No entanto, a verdade é que estamos realmente na contramão do que deveríamos fazer...

(ver post “Eu queria resolver logo isso!...”)

Nossas respostas


    Viver é ser chamado e amado por alguém para algo... para uma missão. Todo homem e toda mulher nasce para algo... Nasce no coração de Deus para realizar Seu plano eterno, e seu caminho na vida deveria ser um sonho de Deus realizado na história. O chamado é seguro, certo, constante. E a resposta?

    Respostas fiéis, abençoadas por Deus! Respostas frustradas, condenadas à esterilidade! Respostas pela metade, tíbias e mesquinhas, recheadas de comodidade própria! Qual é a sua resposta? Qual você quer que seja sua resposta?

    Talvez sintamos medo. O temor é algo natural diante do que nos ultrapassa, diante do que escapa ao nosso controle e nos remete a um mundo e a uma força superiores. Os homens temem comprometer o futuro, sem passar cartão de crédito e de seguro. Temos medo de hipotecar nossa pessoa pela causa do Evangelho, sem outra garantia a não ser a voz misteriosa de um chamado e de uma escolha. Também Maria, a escolhida e predileta de Deus, ficou perturbada, sentiu o desassossego do medo. Mas o medo não a inibiu nem paralisou sua busca daquilo que Deus queria.

    Somente um confiante “faça-se”. Diante do chamado e da escolha de Deus em nossas vidas, nos vêm à mente com a velocidade de um raio perguntas e perguntas: O quê? Como? Por quê? Quando? Onde? Para quê? O Senhor não nos pede perguntas, embora tampouco as rejeite. Para o Senhor, o mais importante não são as perguntas, mas as respostas. Pede-nos apenas uma resposta livre, amorosa, consciente, generosa. Não nos pede o que não podemos Lhe dar, na verdade Ele nos dá o que nos pede, e além disso sem nos cobrar. Nosso “faça-se”, como Maria, temos que pronunciar sob a condução do Espírito Santo, verdadeiro timoneiro de sua barca no mar da vida, Mestre interior que ensina sabedoria divina, e acompanha e ajuda a viver o que ensina.

    Viver meu “fiat”, meu “faça-se” de cada dia com simplicidade de coração, mas com vontade decidida e generosa, sem freios de medo ou de covardia.
Excerto da meditação do dia
Autor: Pe. Antonio Izquierdo, Pe. Florian Rodero  | Fonte: Catholic.net

Nada dá certo!


Quando os imprevistos são em maior número do que as coisas que conseguimos fazer de acordo com o que estava na agenda, dá pra entrar em parafuso, em pânico, dar tilt, ou reação semelhante.

Muitas e muitas vezes enfrentamos imprevistos, e esse é um fator provocador de crise. Se já estamos em crise quando isto acontece, a crise piora.

Aquela piada do “quanto mais eu rezo, mais assombração aparece” se aplica a esta situação. Os eventos ficam parecendo um castelinho de cartas ou pedras de dominó que a gente tenta manter em equilíbrio, de olho naquela carta ou pedra que começa a vacilar.

As reações são diversas, e quase sempre erradas. Quanto menos autocontrole, mais se despeja a culpa de tudo no outro, fazendo dele o bode expiatório de suas frustrações. Também vem a sensação de fracasso, desânimo, de não conseguir fazer nada certo, “nunca”!

Acontece que provavelmente essa situação não esteja acontecendo por erro de planejamento, por falta de consideração dos outros, ou por qualquer desses motivos que nos vêm à mente nessas circunstâncias - muitas vezes, pensamentos provocados por nossa concupiscência e não por uma análise racional do que está acontecendo.

Uma causa pode ser nosso próprio estado espiritual. É, ainda, nossa mania de colocar tudo sob nosso controle, acostumados que ficamos a planejar tudo segundo nossa conveniência. Acontece que, quanto mais planejados somos, menos livres somos. Ficamos manipulando mentalmente todas as coisas, prevendo ações e reações e - apesar de contarmos tanto com nossa inteligência - raramente considerando imprevistos! Tudo tem que estar planejado e acontecer dentro dos limites que traçamos. É difícil vermos isso como prepotência, mas é. Um imprevisto acaba sendo encarado como um “pecado” contra nossa capacidade de planejamento. Então nos sentimos lesados, tremendamente agredidos. Chegamos até a planejar vingança, querer uma desforra. “Quero só ver se fosse com ele”... Coisas do tipo.

A reação mais correta seria então perceber essa nossa arrogância de querer gerenciar tudo perfeitamente e sem falhas, acatar os imprevistos e nos sentirmos um pouco mais livres a cada vez que eles acontecem. No mais: renúncia à auto-suficiência, aceitação de humilhações relacionadas à nossa capacidade finita de prever tudo, e nos exercitarmos nesta maravilhosa liberdade de viver cada segundo conforme ele nos vem, como um presente precioso do Coração do Pai.

“Eu queria resolver logo isso!...”


É, eu também!... mas uma das maiores lições das crises é saber esperar o tempo de Deus.
Quando estávamos começando a Comunidade, num Rosário de sábado eu abri a seguinte leitura, que vi ser todinha para nós:
“Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, permanece firme na justiça e no temor, e prepara a tua alma para a provação; humilha teu coração, espera com paciência, dá ouvidos e acolhe as palavras de sabedoria; não te perturbes no tempo da infelicidade, sofre as demoras de Deus; dedica-te a Deus, espera com paciência, a fim de que no derradeiro momento tua vida se enriqueça.
Aceita tudo o que te acontecer. Na dor, permanece firme; na humilhação, tem paciência. Pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a prata, e os homens agradáveis a Deus, pelo cadinho da humilhação.
Põe tua confiança em Deus e ele te salvará; orienta bem o teu caminho e espera nele. Conserva o temor dele até na velhice.
Vós, que temeis o Senhor, esperai em sua misericórdia, não vos afasteis dele, para que não caiais; vós, que temeis o Senhor, tende confiança nele, a fim de que não se desvaneça vossa recompensa.
Vós, que temeis o Senhor, esperai nele; sua misericórdia vos será fonte de alegria.
Vós, que temeis o Senhor, amai-o, e vossos corações se encherão de luz.
Considerai, meus filhos, as gerações humanas: sabei que nenhum daqueles que confiavam no Senhor foi confundido. Pois quem foi abandonado após ter perseverado em seus mandamentos? Quem é aquele cuja oração foi desprezada?
Pois Deus é cheio de bondade e de misericórdia, ele perdoa os pecados no dia da aflição. Ele é o protetor de todos os que verdadeiramente o procuram.”
(Eclesiástico 2, 1-13)
Pois é...

Alguém pode me dizer se existe uma única pessoa neste mundo que sabe melhor do que Deus os tempos para as coisas acontecerem?
É isso mesmo: não há ninguém.

Então, para quê a pressa de resolver as coisas?

Já sei as respostas: “ah, mas eu queria...”; “seria tão mais fácil se acontecesse já...”; “seria tão melhor se isto se definisse logo...”   E eu comento: Aaaaahhhhh! nada disso tem importância! (rs...)

É sério, eu sei: a gente realmente sofre muito quando passa por uma situação de indefinição, esperando que o tempo amadureça - que a gente amadureça, essa é a verdade. Mas é tão melhor deixar que Deus resolva as coisas do jeito certo, no momento certo!

Dou um exemplo básico, para que isto não fique muito no ar e depois me digam que eu andei ensinando que a gente não deve fazer nada, só esperando Deus fazer:

Não poucas vezes, quando estamos diante de uma decisão espiritual importante, surge ao lado disso uma sugestãozinha alternativa para a situação, relacionada (muitas vezes) à parte afetiva, ou à parte financeira. E aí fica aquela dúvida não muito cruel:
Escolho o que eu não tenho certeza que é isso mesmo, e que demora pra fazer efeito, ou já resolvo esta parte que está tão mais perto de ter um resultado?
Simples, de decidir, não é? A gente tem pressa, quer ver as coisas acontecendo logo (de preferência, agoooooora!!!) e embarca pelo atalho que parece rápido mas que leva para longe da definição principal.
Depois não adianta reclamar, porque a gente vai ter que voltar àquele ponto de definição outra vez, e novamente terá que escolher entre Deus e... a gente!

A esperança de Deus é que algum dia a gente escolha certo.

Vontade de sair correndo


Coincidentemente, duas pessoas que conheço estavam com este sintoma, neste final de semana. E é claro que já senti a mesma coisa e volto a sentir em várias situações.
Esta vontade de sair correndo às vezes parece ser satisfeita com atitudes bem simples: planejamos pequenas fugas disfarçadas de

  • “tenho outro compromisso”, 
  • “preciso terminar uma coisa”, 
  • “não posso agora”.
Calma, gente... não precisam ter vergonha. Só estou dizendo que é possível identificar quando se está fugindo ou não. Já disse que também passo por isso, então está todo mundo na mesma situação:
Que feio, a gente tem vontade de fugir!
Pronto. Mais calmos agora?
Vamos em frente então,  pra saber como lidar com isto.

Preciso dizer aqui o que disse em particular para um amigo:
“Você pode sair correndo das coisas físicas, mas das coisas espirituais não dá pra fugir.”
Então, queridos, a verdade é que podemos ser hiper-mega-criativos para bolar desculpas para não enfrentar certas situações que sabemos que nos causariam desconforto (por termos que escutar o que não queremos, por nos arriscarmos a assumir alguma responsabilidade, etc.), mas Deus sabe onde vocês moram!
Entendem?

Podemos fugir com a maior elegância de qualquer situação que nos colocaria numa saia-justa ou numa posição inescapável de definição por alguma coisa. Mas se aquilo de que estamos fugindo é necessário e até vital para nós, então nossas estrategiazinhas bobas não vão adiantar: Deus vai nos perseguir incansavelmente! Vai nos pegar na esquina, por assim dizer. Algumas vezes Ele nos pega até no banho, desmontando magistralmente nossos belos planos de querer controlar tudo ao nosso gosto. Louvado seja Deus por isso!

Então, se a vontade de fugir, de sair correndo, começar a se manifestar, pode ter certeza: é o momento de olhar bem a situação, respirar fundo e enfrentá-la. É o momento de amadurecer, de pôr à prova suas verdades interiores. E nada fazer sem oração.

Crise, em outras palavras...


“...muitas vezes o que se denomina crise é antes um despertar, um abrir os olhos à realidade e sentir essa tremenda saudade que traz consigo a ausência de Deus... E é precisamente nesses momentos delicados que se torna indispensável concentrar-se, ir ao centro, meditar, viajar para dentro, para encontrar lá o núcleo central da personalidade e, com ele, o sentido da vida.
Nesse momento, aparece de uma maneira muito clara o pensamento de Deus: se Deus deu a cada estrela a sua órbita e a cada pássaro o seu canto, deu a mim, sem dúvida, um sentido, uma missão a cumprir.
É interessante como «os pensadores» de todos os tempos, ao questionarem os últimos «porquês» das coisas e dos acontecimentos, quando indagavam sobre o sentido da vida, também ao mesmo tempo pediam a Deus a luz necessária para encontrar a paz: faziam oração. Platão perguntava-se: «De onde venho, para onde vou?...» E depois, uma prece pungente: «Ó Ser Desconhecido, tem compaixão de mim!»”
Rafael Llano Cifuentes, Viver na Paz. Ed. Quadrante - pág.20

A quebra das ilusões


Uma das causas e, ao mesmo tempo, uma das lições de uma crise é a quebra das ilusões.
Isso acaba sendo assustador, muitas vezes... é inacreditável quantas ilusões acumulamos com relação a praticamente tudo! Ilusões que trazemos da família, ilusões geradas por expectativas, ilusões que nos ensinam como verdade a respeito disto ou daquilo.

Mesmo quando experimentamos a realidade, e ela nos mostra claramente qual é a verdade da situação, se a ilusão é forte o suficiente passamos a vida toda achando que a ilusão é a realidade - e se a realidade que experimentamos é diferente da ilusão, a realidade está errada!!
É, isso mesmo!, é algo muito louco e que não faz sentido. Mas acontece, e a gente demora a perceber que faz exatamente isso.

O problema é que não reagimos muito bem a essa quebra de ilusões: são como bichinhos de estimação, muletas ou lentes cor-de-rosa aos quais nos agarramos, pensando em tornar a vida “mais aceitável”, escondendo nossas fraquezas, justificando para nós mesmos aquilo que fazemos de errado, desculpando as más escolhas, valorizando o bem que fazemos... ah, tudo isto renderá ainda muitos posts! Reflitam a respeito.

Enfim, sejamos sinceros: passar a vida querendo que o azul seja rosa e o marrom seja verde não é algo muito saudável... Por isso, bendita seja a quebra de nossas ilusões!

Ninguém com quem falar?


Este talvez tenha sido o primeiro sintoma de crise que eu percebi: sempre que as coisas começavam a ficar difíceis, os problemas surgiam e eu queria conversar com alguém a respeito, as pessoas mais próximas ou não tinham tempo ou sumiam!
Eu ficava meio indignada, pensando: “como é que esse povo some justamente quando mais preciso?” E isso se repetia, de novo e de novo...
Até que aprendi a lição.
Ter aprendido a lição não impede que eu sinta falta das pessoas, não... mas pelo menos entendo o que está acontecendo e me ajusto para viver esse momento.

É o seguinte, amados: Deus quer ser nosso tudo. Ele é, de fato, nosso TUDO! Aquele que tudo nos provê. Ele é, de fato, Aquele que tem condições de resolver todos os problemas. Ele é Único que sempre estará ao nosso lado em todas as situações.
Então, acostumem-se a esse “sumiço” daqueles mais queridos quando estiverem precisando de alguém. Não cobrem dos mais queridos, dos conselheiros, dos ombros amigos, a ausência e falta de tempo quando vocês pareciam mais precisar deles. Essa solidão é obra de Deus nas suas vidas!
É uma solidão bendita, porque ela está repleta da presença de Deus. Esse é o momento em que Ele os quer totalmente perto de Si; quer ouvi-los, quer colocá-los sobre Seu Peito, como uma versão moderna de João, ouvindo as batidas de Seu Coração por vocês.
Essa é a hora de crescer um pouco mais, de ajustar coisas importantes, e isso só será possível plenamente com a Graça Divina. Por isso, se nossos amigos, conselheiros, estivessem ali para nós nesses momentos, não teríamos essa Graça. Cresceríamos pouco, ou nem cresceríamos. Perderíamos a Graça desse momento de crise, porque nos valeríamos de apoios humanos, procuraríamos soluções imediatas, e continuaríamos imaturos justamente naquilo que Deus estava providenciando para nosso crescimento.
Suportem então essa solidão, apóiem-se em Deus, e cantem um hino de oferta:

A Tua ternura, Senhor, vem me abraçar
e a Tua bondade infinita, me perdoar.
Vou ser o Teu seguidor
e Te dar o meu coração;
eu quero sentir o calor de Tuas Mãos.

“Ninguém me entende...”


É muita pretensão que as pessoas “tenham” que nos entender. Mesmo seu diretor espiritual jamais vai entender você totalmente. Sua dimensão espiritual só pode ser entendida por Deus, porque somente Ele a conhece plenamente. O máximo que você pode conseguir das pessoas, mesmo as que mais o conhecem, é conselho e um pouco de compreensão.
Compreensão a gente até aceita. Mas conselho...
Principalmente se o conselho ouvido engloba fazer as coisas que a gente não quer fazer - por medo, preguiça ou simples “birra”. Aí vem a reclamação: “ninguém me entende!!...”

Olha, gente... é preciso usar a cabeça: um outro ponto importante a ser aprendido nas crises é que, em cada fase dessas, a gente tem algo a aprender. Uma crise anterior ensina algo que pode ser usado para o crescimento espiritual na crise de agora. Parte essencial do aprendizado é convencer-se de duas coisas:

  1. existe Deus;
  2. eu não sou Ele.

“Sinto um vazio...”


Se você nunca disse isso, com grande probabilidade já ouviu alguém dizer: “Sinto um vazio...”
Mas o que significa esse “vazio”? Ele aparece em pessoas materialistas e em pessoas mais espirituais; qual o sentido disso?

Como pode sentir um vazio quem consegue adquirir o necessário e, muitas vezes, até o supérfluo?
Não é curioso que esse vazio seja sentido depois de se conseguir alguma coisa - material ou não - muito desejada e há muito tempo buscada?
Por que, então, essas coisas desejadas não são capazes de preencher esse vazio tão inesperadamente sentido?
E, mais ainda: por que se busca preencher esse vazio com cada vez mais coisas e emoções, se isso não resolve?
Esse vazio, amados, é um sinal de que o homem (e aqui uso o termo no sentido clássico, significando pessoa humana, humanidade...) - o homem não é apenas o que se vê. Sua origem espiritual reclama a experiência e a degustação de coisas espirituais. Se se nega o alimento ao espírito, ele reclama de fome, tanto quanto nosso estômago físico faz ruídos quando vazio.

Mas, mais curioso ainda: como pode sentir um vazio quem busca as coisas espirituais, a vivência em Deus?

O mais comum é que, na verdade, ainda se continua procurando conciliar a vontade própria e a vontade divina.
Daí o vazio, a angústia, a insatisfação contínua: porque não se progride, nega-se o passo além que poderia temporariamente saciar o desejo mais íntimo da alma, de tocar um pouco mais profundamente o mistério do qual ela mesma se originou.

O mais incomum é que esse vazio seja uma purificação da alma para Deus. Então é o momento de unir-se a Jesus no Getsêmani e, com Ele, oferecer esse sofrimento purificador. Agradeça a Deus por essa experiência e peça que Ele tenha misericórdia de sua miséria. Não há muito o que fazer além disso. Pacientemente, aguarde que o processo se conclua. Outras fases virão.

Como piorar a situação


Talvez nem fosse preciso escrever este post, porque a gente é especialista em piorar qualquer crise!
Mas cito alguns itens importantes que ajudam a piorar as coisas:

  • fingir que nada está acontecendo; ou
  • ir para o outro extremo e agir como se fosse o fim do mundo (geralmente é o fim de "um" mundo, mas veremos isso em outra oportunidade);
  • não aceitar conselhos, achando que somos os únicos no planeta a passar pelo problema presente;
  • ouvir conselhos, entender que se aplicam à situação vivida, mas não colocá-los em prática porque os conselhos ouvidos geralmente incluem uma lição de humildade e um comprometimento maior com Deus.
São receitas infalíveis para que a crise se torne o mais aguda possível, com consequências que variam do isolamento à falta de paciência alheia com a dureza de nossa cabeça (e de nosso coração).

Um resultado disso é que a crise se torna cada vez mais aguda, até quase o ponto de desespero, quando enfim o indivíduo...
  • se faz de duro na queda e cerra os dentes pra ir suportando uma situação insustentável... e, se não ficar louco, já é lucro;
  • dobra os joelhos e se rende à vontade de Deus para sua vida.
Concordamos que é muito melhor evitar piorar a situação?...
Coragem, pois!

O que começa uma crise?


Vários fatores podem dar início a uma crise; podem ser fatores sérios ou até muito bobos. É fácil identificar os fatores sérios: o falecimento de alguém próximo, um acidente, uma doença. Mas os fatores muito bobos também são importantes, embora tragam consigo o agravante de uma decepção pessoal: "por que isso me abala tanto?" - e é difícil até mesmo identificar o ponto em que o acontecimento se tornou o gatilho dessa nova crise.
Não poucas vezes eu terminava de falar com alguém ao telefone e sentia que alguma coisa não estava certa. Era a crise chegando!
O assunto nem precisava ter sido sério, era às vezes apenas uma proposta, uma pergunta, a comunicação de um imprevisto.
O que acontecia no meu íntimo, e que somente bem depois eu me dava conta, era que:

  • a proposta me incomodava e eu não queria aceitá-la por algum motivo;
  • a pergunta me incomodava porque eu não queria respondê-la por algum motivo;
  • o imprevisto me incomodava porque certamente eu queria que meus planos e esquemas funcionassem como eu havia previsto.
Por isso me parece que a causa comum para que se inicie uma crise é o nosso querer. E invariavelmente nosso querer está associado a um desejo de controle das situações. É, lembrem-se bem, nossa herança como filhos de Adão e Eva: queremos ser deuses!

Alguém quer uma crise? Não?...


Se já aconteceu de você olhar para sua vida e dizer “Está tudo errado!!!”, você passou por uma crise.
Dificilmente se passará por uma fase dessas dizendo “que bom, mais uma crise!”, mas o objetivo deste blog é ajudar você a chegar a pensar em - quem sabe? - talvez se permitir um pensamento longínquo de que uma crise seja mesmo uma coisa boa.
Não é pouca pretensão de minha parte!

Você tem todo direito de sofrer


Certa vez uma amiga estava passando por uma crise imensa. Para mim, que apenas via tudo acontecendo, a impressão era de que tudo lhe doía tanto que ela nem sabia como expressar o que sentia. Também parecia não entender nem o que se passava dentro dela. Tudo era dor.
Havia também outro lado da história, e por esse outro lado da moeda parecia que ela deveria se alegrar e não ficar tão mal daquele jeito. Eu me lembrei de minha experiência própria numa situação semelhante e não tive dúvidas ao dizer a ela:

- Você tem todo direito de sofrer!
Claro que isso não é o mesmo que dizer “você não vai sair dessa”. Apenas disse que ela precisava viver aquele momento, não negar o que sentia. Negar o sofrimento só faz com que ele fique engavetado dentro de nós mesmos, como se isso fosse resolver o problema. É como querer colocar uma tampa no cume de um vulcão soltando fumaça e dizer que está tudo sob controle. Mas ter medo de enfrentar um problema não é coragem.
Esses momentos são importantes, são aprendizado para toda a vida.
Então, se chegou um momento difícil, tire todo proveito do que esse episódio pode ensinar para sua vida. Você verá que não é possível fazer isso sozinho... o que já é uma primeira lição.

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