Tudo certo e nada resolvido

As crises têm períodos amenos, nos quais a impressão que temos é de que está tudo certo. Na verdade, temos consciência de que nada está resolvido ainda, mas não importa: a impressão é de que está tudo certo!

Talvez seja por conseguirmos fazer as pazes com nossa incapacidade de resolver tudo (o que quer que precise ser resolvido).

Nada é desprezível numa crise, por isso também essa fase tem seu valor. Esta tem pelo menos dois pontos interessantes (ainda estou descobrindo os outros, pois deve haver mais!):

1. Uma lição dessa fase é, como mencionado acima, encararmos nossa incapacidade e enfim não termos mais a mesma reação de desespero: não consigo resolver! não consigo fazer! não consigo nada! É finalmente se dar conta do óbvio, descrito com todas as letras no Evangelho:

“- Sem mim, nada podeis fazer.”
 Jesus não disse que sem Ele podemos fazer “pouco”. Disse exatamente que, sem Ele, “nada” podemos fazer. Sabe o que é nada? Então: por favor, coloque na sua cabecinha: o que você consegue fazer é “com Deus”.

Você sabe separar o oxigênio do ar que respira? Você sabe fazer o ar que respira? Não? Nem isso você consegue? Que decepção, hein?... Pensando que era todo independente de Deus, e olhe só...

Então, a lição: você não consegue coisa nenhuma mesmo, deixe de pensar que você pode tudo, ou que precisa poder tudo. Não pode. E pronto.

2. Estando um pouco mais conscientes de nossa incapacidade, subimos um degrauzinho a mais na confiança em Deus, pois o raciocínio é simples: eu nada posso, Deus pode tudo. Portanto, faço o que me cabe e todo o resto Deus realiza.

Conforme nosso crescimento espiritual, esta lição de confiança em Deus ganha novos aspectos. De início é tudo muito sutil, e acabamos confiando em Deus para coisas simples, com uma confiança ainda manchada pelos nossos planejamentos cheios de recursos e “planos B”. Algumas vezes, a confiança acaba cedendo espaço para um fatalismo do tipo “agora, só Deus!” pra resolver a situação. Mas com tudo isso vamos sendo levados a graus mais elaborados de confiança amadurecida pela experiência.

Para Santa Faustina, nosso Senhor disse que o que mais fere Seu Coração é a desconfiança. Desconfiamos porque queremos saber tudo a respeito do que nos aguarda, para nos prepararmos... porque somente assim dominamos a situação. No fundo, é o nosso pensamentozinho de independência, a tentação da serpente do Éden (“Sereis como deuses!” - isto é, não precisarão mais de Deus, vocês mesmos darão conta de tudo). Isso é tão arraigado em nós, que são necessários muitos exercícios de confiança nestas paradas em que ficamos pasmados com as mudanças em nossa vida.

Deixe Deus ir fazendo. Não tenha medo!

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