Dor de crescimento

Sinto informar que também existe a “dor de crescimento” espiritual.

Alguns adolescentes sofrem a dor do crescimento físico. Mas todos - jovens, adultos, velhos - invariavelmente sofrem a dor do crescimento espiritual.

Quando isso acontece, já se viveu uma experiência inicial com Deus, houve o primeiro enamoramento e um tempo de caminhada com Ele, num período em que tudo parece cheio de cores, flores e amores. Porém, logo em seguida Deus nos traz à realidade, para que lancemos raízes mais profundas e saiamos do sentimentalismo; Ele nos dirige a uma espiritualidade encarnada no dia-a-dia. E isso nos traz muita dor, porque queremos ficar sempre no colo que nos oferece leitinho quente... não queremos ter que andar até a cozinha para nos alimentar, não queremos descer o Tabor das visões celestes. Estamos sempre beirando o perigo de escolher as fantasias em detrimento da realidade, e no entanto é ela que verdadeiramente nos faz crescer.

Tudo isso dói, e para essa dor não há relaxante muscular que ajude. Você pode tentar afogá-la de algum jeito, por exemplo seguindo as fugas clássicas do ativismo, do muito beber, do culto ao corpo, das emoções que dão “adrenalina”. O resultado dessas fugas é o aumento do vazio, da falta de sentido em tudo. O mundo inteiro não preenche sua necessidade. Nada preenche. Faz muito sentido que nada satisfaça de maneira permanente, porque sua sede e fome têm uma dimensão espiritual que não se satisfaz com lixo!

Mas há outras fugas, bem mais sutis e que são facilmente aceitas pelo nosso orgulho, e com elas procuramos justificar nossa moleza na hora de rezar, nosso desânimo ao cumprir as tarefas mais simples, e até nossa falta de caridade para com os mais próximos:

  • começamos a nos queixar de que o ambiente ou a situação em que vivemos não favorece nossa espiritualidade;
  • pensamos que se outras pessoas estivessem por perto, seria tudo mais fácil e prazeroso;
  • olhamos para trás, na esperança de recuperar alguma coisa (status, por exemplo) que tememos perder se seguirmos adiante;
  • ficamos desanimados quando olhamos o momento presente, comparando-o com as fantasias pessoais que julgamos ser melhores do que a realidade.
Em resumo, não assumimos o “hoje”, a realidade do agora; ficamos suspirando e gemendo pela fantasia que queríamos viver. Com isso, fazemos força no sentido contrário ao que deveríamos ir: para frente, sempre adiante! Assim, lutamos contra nós mesmos, ficamos sempre cansados e tudo pesa.

Parte do crescimento é justamente este: viver o hoje, aceitar e assumir a realidade do momento presente. Viver a integralidade do agora.

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